Melanotaenia boesemani

Melanotaenia boesemani: O xodó do Dr. Boeseman

  • Nome científico: Melanotaenia boesemani (Boeseman, 1955)
  • Outros nomes: Boeseman’s Rainbowfish, Arco Íris de Boeseman
  • Família: Melanotaeniidae
  • Distribuição: Irian Jaya (Lagos Ayamaru), na Nova Guiné
  • Habitat: Lagos gigantes de água cristalina e riachos próximos
  • Cores: Metade frontal azulada e a posterior amarela
  • Dimorfismo sexual: Macho mais alto e colorido
  • Tamanho adulto: 10 cm (macho); 7 cm (fêmea)
  • Reprodução: Dispersão de ovos. Chances moderadas de sucesso.
  • Hábitos alimentares: Micropredador (pequenos crustáceos, vermes,  insetos, zooplâncton)

      No aquário:

  • Dificuldade Média
  • Comportamento: Pacífico com outras espécies.  Os machos são agressivos entre si.
  • Quantidade mínima: 2 (melhor um cardume)
  • Espaço mínimo: 300 litros
  • Temperatura: 24 a 28ºC
  • PH: 7 a 8
  • Convive bem com plantas: Sim
  • Pula do aquário: Sim, e muito! (coloque uma tampa)
  • Expectativa de Vida: Cerca de 8 anos
  • Alimentação: Rações em flocos, alimentos vivos, congelados ou secos (Cyclops, artêmias, bloodworms, tubifex, etc).
  • Nível da água: Meio e superfície
  • Decoração: Aquário plantado com troncos e rochas, deixando um bom espaço livre
  • Cuidados especiais: Água mole e ácida de alta qualidade; muito espaço; presença de um cardume
  • Compatibilidade com outros peixes: Razoável. Embora pacífico, é tão agitado que mesmo sem querer pode aterrorizar espécies menores, como tetras.

A Melatoaenia boesemani é uma estrela em ascensão prestes a ameaçar a hegemonia dos Discos e dos Neons no mundo do aquarismo. Afinal, você conhece algum outro peixe de água doce que seja metade azul e metade amarelo?  Ela é a mais famosa e exuberante dos chamados Rainbowfishes, um grupo de peixes nativos da Oceania (há uma espécie em Madagascar também) e relativamente novos no mercado. A espécie foi descoberta pelo Dr. Marinus Boeseman em 1955 e passou anos no ostracismo, até ser reecontrada na natureza em 1982 pelo Dr. Gerald Allen. Vários exemplares foram enviados para a Europa e geraram as matrizes que hoje encontramos nas lojas.

A Boesemani habita as águas azuis dos lagos Ayamaru na Nova Guiné. São lagos belíssimos, cercados por montanhas, constantemente envoltos pela névoa e profundos em vários pontos, repletos de cavernas subaquáticas. O peixe se concentra em trechos rasos com vegetação densa. E, embora os lagos sejam caracterizados por água dura e alcalina (ph 8 a 9), ele também é encontrado em riachos marginais com química bem diferente.

Essa versatilidade também se observa no aquário. Este peixe come praticamente de tudo e um tanque comunitário genérico é capaz de acomodá-lo tranquilamente, desde que bem espaçoso, com pelo menos 1,20 m de comprimento e 300 litros. A Boesemani atinge um tamanho respeitável (o macho cresce muito verticalmente também) e não para quieta um segundo, podendo passar como um torpedo  sobre peixes menores. Assim, por mais pacífica que ela seja, a sua ostensiva presença seria um inferno astral para peixes mais delicados como tetras, rasboras, colisas e pequenos ciclídeos. Assim, é melhor colocá-la na companhia de peixes mais safos, como barbos, botias, “sharks” e outras melanotaenias (elas não brigam entre si). Você pode colocar um casal de Boesemanis, mas elas gostam da vida em cardume e os machos ficam ainda mais coloridos se tiverem várias fêmeas para as quais se exibir em toda a sua fanfarronice. Inclusive ocorrem umas bordoadas de vez em quando, mas a lei Maria da Penha ainda não se aplica a peixes.

A Boesemani não impressiona muito em uma bateria de loja, parecendo opaca e sem graça. Ela só revela as suas cores formidáveis com o tempo e a devida ambientação. Há uma chance razoável dela ter filhotes no seu aquário, mas o colorido definha a cada geração em cativeiro. Por isso, mesmo que a espécie seja reproduzida hoje em gigantescos criadouros na Ásia e Europa, estima-se que mais de um milhão de exemplares sejam capturados por ano nos Lagos Ayamaru, representando uma séria ameaça à sua conservação. O Dr. Boeseman deve estar rolando no túmulo.

Texto: Bruno Fortini
Foto: Marcelo Alcântara

 

Referências:

ALDERTON, David. Encyclopedia of Aquarium & Pondfish. Dorlink Kinderseley: Londres, 2008.

GAY, Jeremy. Choosing the Right Fish for your Aquarium. Hamlyn: Londres, 2006.

ROGERS, Geoff. FLETCHER, Nick. Guia Viual de Peces de Acuario de Agua Dulce. El Drac: Madri, 2004.

SANDFORD, Gina. Aquarium Owner´s Manual. Londres: Dorling Kindersley, 2005.

SANDFORD, Gina. The Tropical Aquarium. Barron´s Educational Series: Nova Iorque, 2005.

WOOD, Kathleen. The 101 Best Tropical Fishes. The Adventurous Aquarist Guide Series. TFH Publications: Neptune, 2007.

 

Sites:

www.seriouslyfish.com

www.aquarismopaulista.com

 

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  1. Flávia Costa Cruz Negrão de Lima 12/09/2018 at 2:18 am · · Responder

    Então, em cativeiro, o nome peixe “arco-íris (Arco – íris de Boeseman) não se justifica? Que triste…

    • Claro que se justifica, Flávia. As cores só se perdem ao longo de vários cruzamentos sucessivos em cativeiro, de modo que as matrizes precisam ser repovoadas por peixes selvagens de tempos em tempos. A Boesemani é um exemplo de como o aquarismo pode ser uma atividade predatória.

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