Acará-Disco (Symphysodon spp.)

Acará-Disco: Bow down to the king!

  • Nome científico: Symphysodon spp.
  • Outros nomes: Discus Fish (inglês)
  • Família: Cichlidae
  • Distribuição: Bacia Amazônica (Brasil, Colômbia e Peru)
  • Habitat: Canais profundos de água negra com árvores mortas, troncos, galhos e raízes
  • Cores: Variáveis. Na natureza, corpo marrom rajado e detalhes azuis.
  • Dimorfismo sexual: A testa das fêmeas é arredondada e nos machos há um pequeno calombo
  • Tamanho adulto: Até 20 cm
  • Reprodução: Depósito de ovos (difícil no aquário)
  • Hábitos alimentares: Carnívoro (insetos, vermes, pequenos peixes e crustáceos)

      No aquário:

  • Dificuldade Difícil
  • Comportamento: Pacífico
  • Quantidade mínima: 6
  • Espaço mínimo: 300 L
  • Temperatura: 28 a 32 ºC
  • PH: 6.0 a 6.5 /li>
  • Convive bem com plantas: Sim (mas poucas plantas resistem à temperatura ideal dos Discos)
  • Pula do aquário: Sim. Coloque uma tampa.
  • Expectativa de Vida: Até 7 ou 8 anos
  • Alimentação: Rações em flocos e grãos, Spirulina, tubifex, artêmias e bloodworms. Há muitas marcas de rações específicas para Discos.
  • Nível da água: Meio
  • Decoração: Troncos, galhos e cascalho fino; plantas e pedras são opcionais.
  • Cuidados especiais: Tanque alto; água ácida, mole e quente sob rígido controle de temperatura e pureza; alimentação várias vezes ao dia; iluminação suave; 1 ou 2 TPAs semanais
  • Compatibilidade com outros peixes: Baixa. Apenas espécies pequenas e calmas, que não estressem o Disco nem comam toda a comida antes. Elas também precisam estar adaptadas às altas temperaturas em que os Discos vivem.

O Acará-Disco é um ciclídeo aclamado mundialmente como o “rei do aquário”, com uma beleza e coloração capazes de rivalizar com qualquer anjo marinho. Entretanto, é um peixe tão frágil, exigente e hipersensível que está mais para o “dândi do aquário” do que para um rei. A criação de Discos é um segmento altamente especializado da indústria do aquarismo, com lojas, sites e livros dedicados ao tema.

O Disco tem esse nome justamente pela forma arredondada. Na natureza, foram identificadas até agora 3 subespécies: A Symphysodon discus do Rio Negro, a Symphysodon aequifasciatus e a mais recente, Symphysodon tarzoo. Mas são tão parecidas entre si e as revisões taxonômicas tão recorrentes que é melhor deixar esse assunto para outra hora. O Disco selvagem vive na Amazônia em igarapés e poços profundos marginais ao leito dos rios, em áreas de floresta inundada. É um ambiente sombrio e intrincado, cheio de árvores mortas, troncos e raízes. O chão é pura lama recoberta de camadas ancestrais de húmus. Não há pedras e muito menos plantas aquáticas. Então podemos supor que um espécime selvagem não aprecie um aquário plantado padrão com iluminação forte e cardumes de peixes frenéticos zunando ao redor sem parar.

A forma comercial do peixe é um híbrido, levada ao estado da arte em países como Alemanha, Tailândia, Malásia, Indonésia e Japão. Se o peixe original é amarronzado com detalhes azuis, em cativeiro já foram criados matrizes de um verdadeiro caleidoscópio de cores e texturas, identificados por nomes criativos como ”Millenium Gold”, “Milky Way”, “Red Panda”, “White Butterfly”, “Blue Diamond”, “Pigeon Blood”, “Red Melon”, “Asian Dream”, “Blue Diamond” e “Green Mamba”. Pena que o efeito colateral desses cruzamentos seletivos seja uma queda na imunidade e maior propensão a doenças.

O aquário de Discos deve ser bem grande (300 litros ou mais) e alto, com mais de 50 centímetros. Troncos e galhos são imprescindíveis, para esconderijos e delimitação de territórios. O substrato pode ser de cascalho fino, desde que sifonado constantemente. Alguns experts criam discos em aquários sem nenhum tipo de substrato, água sobre vidro, mas na minha opinião isso cria um ambiente antisséptico que quebra qualquer tipo de imersão do espectador (os peixes parecem nem ligar, pois não escavam nem formam cavernas como outros ciclídeos). Plantas, embora inexistentes no habitat selvagem, podem ser adicionadas para compor a estética do peixe e criar zonas de sombra. Mas atenção: muitas plantas não resistem às altas temperaturas (28 a 32 ºC) apreciadas pelos Discos. A água deve ser mole, ácida e impecavelmente limpa, com fluxo suave e sem o menor resquício de amônia ou nitrito. Deve-se fazer uma TPA de 20 a 30% por semana (alguns aquaristas chegam a fazer 2!). Ao menor vacilo, o Disco pode desenvolver doenças como o íctio ou o buraco na cabeça.

A alimentação é a mesma dada a outros ciclídeos: rações industriais variadas e complementos de Spirulina, tubifex, bloodworms e artêmias. Praticamente todas as grandes marcas do mercado (Tetra, Sera, Seachem, Tropical, etc) possuem uma ração específica para Discos. Só tenha certeza de que ele esteja comendo: o Disco é meio lerdo e pode ficar parado no canto do aquário enquanto os outros peixes comem tudo sozinhos.

Aliás, a compatibilidade com outras espécies é outro fator delicado. O Disco é um peixe muito tímido que se assusta facilmente, então é natural que ele só conviva bem com outros peixes pequenos e calmos, como tetras, rásboras, limpa-vidro e coridoras. Os rodóstomos são tidos como seus companheiros ideais por conta de sua coloração indicar a qualidade da água, fator decisivo para os Discos. Alguns ciclídeos delicados como apistogramas e ramirezis também são opções viáveis. Em tanques bem grandes, até mesmo acarás bandeiras podem ser utilizados, embora sejam mais agressivos e ágeis (a animosidade entre as 2 espécies é um mito muito difundido no aquarismo). Além de valentões típicos, evite qualquer peixe agitado que possa atormentar o Disco, mesmo que indiretamente (paulistinhas, dânios, guppies e alguns barbos estão na lista negra). Também não coloque o comedor de alga chinês ou siamês, pois eles têm o péssimo hábito de grudar no Disco para aspirarem a mucosa em sua pele, quase matando o coitado de susto. De qualquer forma, considerando o intervalo de temperatura de 28 a 32 graus, as opções ficam bem restritas.

O Disco é um peixe de cardume e precisa da companhia de pelo menos 6 membros da própria espécie, não suportando ficar sozinho. Eles exibem a rígida hierarquia e territorialismo típicos de ciclídeos, mas em grupos grandes essa agressividade fica diluída entre todos, evitando assim que as bordoadas se concentrem sempre no indivíduo mais fraco. Com o tempo, o grupo acaba se dispersando em casais que, em condições ideais, podem procriar. O sucesso nesse campo é difícil, mesmo porque muitos Discos perderam o instinto paternal inerente aos ciclídeos e podem até mesmo devorar os próprios filhotes. Por isso, alguns aquaristas costumam infiltrar “discos selvagens” em grupos aquaculturados para devolver a eles um pouco do comportamento natural. Se após algumas tentativas, os filhotes prosperarem, você terá a chance de admira-los se alimentando do muco secretado na pele dos pais, que é chamado curiosamente de “Leite de Disco”.

O Disco não é um peixe para neófitos no aquarismo, e às vezes até mesmo veteranos passam sérios apuros com ele. Para piorar, ele alcança preços incríveis para um peixe de água doce, com algumas variedades importadas chegando a custar mais de 2 mil reais. Definitivamente não é qualquer plebeu que está preparado para as exigências técnicas, monetárias e até espirituais (haja paciência!) de vossa majestade, o rei do aquário.

Texto: Bruno Fortini
Fotos: Marcelo Alcântara

 

Disco Juvenil (matriz Royal Red)

Referências:

ALDERTON, David. Encyclopedia of Aquarium & Pondfish. Dorlink Kinderseley: Londres, 2008.

BINI, Etson. Peixes do Brasil – De Rios, Lagoas e Riachos. Homem Pássaro Publicações: Itapema, 2012.

GAY, Jeremy. Choosing the Right Fish for your Aquarium. Hamlyn: Londres, 2006.

GOMES, Sérgio. O Aquário de Água Doce sem Mistérios. São Paulo, 2001.

ROGERS, Geoff. FLETCHER, Nick. Guia Viual de Peces de Acuario de Agua Dulce. El Drac: Madri, 2004.

SANDFORD, Gina. Aquarium Owner´s Manual. Londres: Dorling Kindersley, 2005.

SENSKE, Jeff e Mike. The Inspired Aquarium – Ideas and Instructions for Living with Aquariums. Quarry Books: Massachusetts, 2006

 

Sites:

www.aquarismopaulista.com

www.meethepet.com

 

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  1. Thiago Silvério 16/07/2018 at 5:09 pm · · Responder

    Realmente, é bastante caro comprar um desses. Só pagaria dois mil em um exemplar albino. Abs

    • Já passei seu contato a um revendedor, Thiago. Ele ficou muito feliz em saber que você quer pagar 2 mil reais em um Disco Albino que normalmente é vendido por 750….rssrssr

  2. Thiago Silvério 17/07/2018 at 12:54 pm · · Responder

    Boa kkkk. Deixando de lado essa fixação em peixes albinos, parabéns pelo blog. Muito bom o conteúdo. Abraços

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