Limpa-Vidro (Otocinclus vittatus)

Limpa-Vidro: Uma pequena unanimidade no aquapaisagismo

  • Nome científico: Otoncinclus vittatus (Regan, 1904)
  • Outros nomes: Oto, Cascudinho, Midget Sucker Catfish, Dwarf Algae Eater, Swarf Suckerfish, Goblin Plec
  • Família: Loricariidae
  • Distribuição: Brasil (Bacias do Amazonas, Tocantins e Paraguai)
  • Habitat: Riachos com vegetação marginal e trechos arenosos de rios maiores
  • Cores: Marrom e bege, com faixa preta longitudinal
  • Dimorfismo sexual: Fêmeas maiores e mais roliças; machos com dentição diferenciada
  • Tamanho adulto: 4 cm
  • Reprodução: Depósito de ovos nas superfícies (difícil de ocorrer no aquário)
  • Hábitos alimentares: Predominantemente vegetariano (algas verdes, diatomáceas e biofilme)

      No aquário:

  • Dificuldade: Média
  • Comportamento: Pacífico
  • Quantidade mínima: 6 (Quanto mais, melhor)
  • Espaço mínimo: 30 L
  • Temperatura: 21 a 26 ºC
  • PH: 6.0 a 7.0 /li>
  • Convive bem com plantas: Sim (às vezes, danifica algumas folhas)
  • Pula do aquário: Não
  • Expectativa de Vida: Média de 3 a 5 anos
  • Alimentação: Algas, Spirulina, tabletes e vegetais (pepino, abobrinha, pera, alface, espinafre, etc)
  • Nível da água: Todos
  • Decoração: Aquário com muitas plantas, troncos, galhos e raízes. Substrato redondo ou arenoso
  • Cuidados especiais: Água mole e ácida de alta qualidade; tanque estabilizado; alta oxigenação; TPAs regulares; companhia de um cardume
  • Compatibilidade com outros peixes: Boa. Só não coloque com peixes agressivos capazes de comê-lo

O Limpa-Vidro é um tipo de cascudinho pertencente ao gênero Otocinclus e, por essa razão, também é chamado carinhosamente de “Oto”. Há pelo menos 17 espécies, quase todas muito parecidas entre si, sendo a vittatus a mais facilmente encontrada nas lojas. O Limpa-Vidro é um favorito de longa data, mas de alguns anos para cá assumiu uma importância ainda maior pelo seu uso em aquários plantados e nanos.

Não é à toa! O Limpa-Vidro faz um trabalho de remoção de algas muito mais eficiente que a maioria dos outros peixes tidos como limpadores (alguns dos quais encrenqueiros e ainda por cima porcalhões). Aliás, o nome deveria ser Limpa-Tudo, pois ele também remove as algas do cascalho, das pedras, das plantas e dos troncos. A especialidade dele são as algas verdes e infelizmente as famigeradas algas petecas não estão incluídas no menu. Às vezes, ele pode danificar algumas folhas com seus dentinhos adaptados, mas nada que possa prejudicar a planta.

Mas, ao contrário do que muitos pensam, ele não consegue viver só de algas no aquário. Ofereça Spirulina e tabletes para peixes de fundo e, para deixá-lo ainda mais feliz, uma hortaliça de vez em quando (os meus adoram pepino fatiado). Lembre-se de retirar o item depois de um ou dois dias, antes que ele apodreça na água.

O que nos leva a um ponto muito importante: O Limpa-Vidro é hipersensível à qualidade da água e, ao menor descuido, ele vai pro beleléu. Definitivamente, ele não gosta do combo amônia - nitrito-nitrato. É até por essa razão que lotes inteiros de Limpa-Vidros parecem amaldiçoados, morrendo todos de uma hora para outra em cativeiro. Isso porque no transporte da natureza até as lojas, eles são frequentemente colocados aos montes em pequenos recipientes e a água tóxica provoca sequelas irreversíveis em seus fígados e brânquias. Se eles não morrerem na hora mesmo, ficam churriados por dias até inevitavelmente sucumbirem. Portanto, esses peixes só devem ser adquiridos após um mês de aclimatação na loja e, se possível, submetidos a mais uma quarentena em casa (É, eu sei, quase ninguém segue isso à risca).

Ao contrário de outros cascudos que prezam a solidão, o Limpa-Vidro é um ser sociável que na natureza vive em cardumes enormes, com dezenas ou mesmo centenas de exemplares. Isso é meio difícil de replicar num aquário, mas especialistas recomendam que 6 seja o número mínimo para que ele se sinta bem disposto e confiante. De preferência, até mais, 10 ou 15, se for possível. Esse é até um bom motivo para colocá-lo em aquários plantados grandes, onde cabem muitos Limpa-Vidros, e não em um Nano minúsculo com lugar apenas para 2 ou 3 peixinhos deprimidos.

Com outras espécies, o Limpa-Vidro é um peixe boa praça que não arruma confusão com ninguém. Mesmo. Pode colocá-lo na companhia de peixes nano e micro camarõezinhos que fica tudo bem. Ele parece apreciar especialmente a companhia de coridoras, com quem desenvolve na natureza uma relação mimética. Cardumes de Limpa-Vidros nadando juntos e imitando os movimentos das Coridoras para se protegerem de predadores, que evitam comê-las por conta de seus espinhos nas nadadeiras. Além das Coridoras, os limpa-vidros também são uma ótima opção para ciclídeos anões, discos, tetras e rasboras. Na verdade, a única orientação nesse sentido é não colocá-lo com peixes que possam comê-lo ou intimidá-lo a ponto de não se alimentar.

Pena que ainda seja muito difícil reproduzi-lo em cativeiro e praticamente 100% dos espécimes encontrados nas lojas venham da natureza, com muitos morrendo pelo caminho e tantos outros dias depois. Tava pensando que só o aquarismo marinho é predatório? Ha!

O Limpa-Vidro é um verdadeiro espetáculo de vida e animação para qualquer aquário que atenda seus requisitos básicos. Muito mais do que só um anãozinho faxineiro.

Texto: Bruno Fortini
Fotos: Marcelo Alcântara

 

Limpa-Vidro, fazendo jus ao nome

 

Referências:

GAY, Jeremy. Choosing the Right Fish for your Aquarium. Hamlyn: Londres, 2006.

SANDFORD, Gina. Aquarium Owner´s Manual. Londres: Dorling Kindersley, 2005.

SANDFORD, Gina. MiniEncyclopedia - The Tropical Aquarium. Barron´s Educational Series: Nova Iorque, 2005.

O´LEARY, Rachel e DENARO, Mark. The 201 Best Freshwater Nano Species. The Adventurous Aquarist Guide Series. TFH Publications: Neptune, 2014.

WOOD, Kathleen. The 101 Best Tropical Fishes. The Adventurous Aquarist Guide Series. TFH Publications: Neptune, 2007.

 

Sites:

www.planetcatfish.com

 

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