Palhaço Ocellaris (Amphiprion Ocellaris)

Palhaço Ocellaris: A alma do circo

  • Nome científico: Amphiprion ocellaris (Cuvier, 1830)
  • Outros nomes: Palhaço comum, Falso Percula, Falso Palhaço
  • Família: Pomacentridae
  • Distribuição: Indo-Pacífico (Da costa da Malasia à Grande Barreira de Corais da Austrália, atingindo as ilhas Ryuku ao sul do Japão)
  • Habitat:  Lagoas e recifes de coral e lagoas, sempre em associação com anêmonas ( 1 a 15m)
  • Cores:  Corpo laranja com 3 faixas brancas margeadas de preto
  • Dimorfismo sexual: Sim (a fêmea fica bem maior)
  • Tamanho adulto: 9 cm
  • Hábitos alimentares: Zooplancton, pequenos crustáceos e algas

      No aquário:

  • Dificuldade de Manutenção: Fácil
  • Comportamento: Pacífico
  • Quantidade mínima: 2
  • Espaço mínimo: 50 L
  • Temperatura: 24 a 26 ºC
  • PH: 8.1 a 8.4
  • Salinidade: 1.023 a 1.027
  • Dureza da água: 8 a 12
  • Reef safe: Sim
  • Pula do aquário: Sim (Coloque uma tampa!)
  • Expectativa de Vida: Cerca de 10 anos (em casos raros, até 20)
  • Alimentação: Spirulina e rações diversas (Zooplâncton, mysis, artêmias, krill, etc)
  • Nível da água: Meio
  • Decoração: Rochas vivas
  • Cuidados especiais: Manter um casal; Anêmona é opcional
  • Compatibilidade com outros peixes: Boa, mas pode ser territorial com outros palhaços e donzelas. Alvo fácil de grandalhões como anjos, dottybacks e triggers.

 

Segundo o Instituto de Aquariologia de Massachusetts, 99,99% dos aquaristas marinhos começam com um casal de peixes palhaço. E quem pode culpá-los? Em todo o mundo do aquarismo – incluindo a água salgada, doce e até salobra – não há unanimidade igual a um desengonçado e adorável palhacinho. Para as crianças, ele será sempre lembrado como o Nemo do desenho da Disney. Os iniciantes no hobby têm uma opção de peixe barata, resistente e pacífica. E mesmo aquaristas veteranos, que não gostam muito de se misturar com a gentalha, nunca abrem mão de contemplar o espetáculo hipnótico da simbiose entre os palhaços com as suas respectivas anêmonas.

O Ocellaris é o membro mais famoso das 28 espécies de palhaços e, por extensão, da grande família Pomacentridae (donzelas). Vive em lagoas e recifes do Indo-Pacífico, nunca se aventurando muito longe de sua anêmona particular. É revestido de um muco que o protege do veneno dos tentáculos e usa isso para escapulir dos predadores. Em troca da hospitalidade, ele atrai novas presas para a anêmona e mordisca qualquer parasita que vier incomodá-la. O Ocellaris se parece muito com seu primo, o Percula (tido nos círculos acadêmicos como o “verdadeiro peixe palhaço”), mas se difere principalmente por ter contornos pretos mais finos ao redor das manchas brancas.

Todos os palhacinhos nascem hermafroditas facultativos, bastando juntar dois para se formar um casal: o maior se torna uma fêmea alfa e o menorzinho um macho beta. Existe sempre o risco da fêmea se revelar uma megera psicótica e matar o marido, então é melhor evitar uma diferença de tamanho muito grande. Embora exista a opção de manter um palhaço solitário, isso é muito antinatural para a espécie e pode induzir a distúrbios comportamentais. Afinal, nada mais desolador do que um palhaço triste.

Manter um casal de Ocellaris é moleza, desde que se atente ao pacote básico de qualquer aquário marinho. Ele não é chato para comer e não costuma criar problemas, mas pode se se tornar bem territorial se confinado em espaços pequenos – principalmente com espécies próximas, como outros palhaços e donzelas, ou peixinhos minúsculos como os nanogóbios. Corais, camarões, paguros e outros invertebrados não têm nada a temer. Se o tanque for grande o bastante, você pode inclusive colocar outro casal de Ocellaris.

Ao contrário da natureza, no aquário o palhacinho não precisa de uma anêmona para viver; ele pode facilmente simular a simbiose em um coral mole, uma colônia de mushrooms, ou até mesmo em um verme poliqueta ou estrela do mar. As 3 espécies de anêmona que ele habita no mar são enormes e impraticáveis na maioria dos aquários domésticos, mas felizmente ele se entende muito bem com uma anêmona bubbletip (Entacmaea quadricolor). Nunca leve qualquer anêmona que aparecer na loja – especialmente se ela for do Atlântico – pois existe sempre o risco do Ocellaris não se adaptar ao veneno dela e você testemunhar uma cena não muito agradável na manhã seguinte.

Uma vantagem do Ocellaris sobre a imensa maioria dos peixes marinhos é o fato dele ser reproduzido por milhares de criadores mundo afora, o que mantém a população selvagem a salvo. É muto difícil fazê-lo procriar em um típico aquário caseiro; eles podem até desovar de tempos em tempos e o macho guardar o os ovos por vários dias, mas os filhotes não têm a menor chance de sobreviver ao apetite dos demais habitantes.

Nenhum peixe marinho possui tantas variantes quanto o Ocellaris. Além do Black, uma versão natural preta e branca encontrada no norte da Austrália, os criadores continuam a expandir os limites da maleabilidade genética do peixe para atrair o interesse e o dindim dos aquaristas. Entre o palhaço todo preto (Midnight) e o todo laranja (Naked), já inventaram todas as variantes que você puder imaginar. É claro que amanhã mesmo já vai aparecer uma nova.

O Ocellaris tem tudo a favor dele. Some-se a isso uma personalidade dócil como um cachorrinho e uma longevidade considerável (para um peixe) e você terá um mascote favoritíssimo por muitos anos.

Por Bruno Fortini
Fotos: Marcelo Alcântara (Ps: a foto feia é minha)

 

Um palhacinho rico em sua luxuosa mansão

 

Um palhacinho pobre (sem anêmona) se contentando com uma colônia de Rhodactis

 

Referências:

ALDERTON, David. Encyclopedia of Aquarium & Pondfish. Dorlink Kinderseley: Londres, 2008.

FENNER, Robert M. The Conscientious Marine Aquarist. Neptune: TFH Publications, 2008.

GAY, Jeremy. Choosing the Right Fish for your Aquarium. Hamlyn: Londres, 2006.

MICHAEL, Scott W. The 101 Best Saltwater Fishes. The Adventurous Aquarist Guide Series. Neptune: TFH Publications, 2007.

MICHAEL, Scott W. The 101 Best Nano-Reef Species. The Adventurous Aquarist Guide Series. Neptune: TFH Publications, 2014.

SANDFORD, Gina. Aquarium Owner´s Manual. Londres:  Dorling Kindersley, 2005.

 

Sites:

www.waikikiaquarium.org

www.wetwebmedia.com

 

 

 

 

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