Camarão Neocaridina (Neocaridina davidi)

Camarões Neocaridina: As incríveis jujubas de queratina

  • Nome científico: Neocaridina davidi (Bouvier, 1904)
  • Outros nomes: Vários, conforme a cor (ex: Red cherry, yellow fire, etc)
  • Família:  Atiydae
  • Distribuição: Taiwan e sul da China (mas criado em cativeiro no mundo todo)
  • Habitat: Riachos e lagos
  • Cores: Diversas (esverdeado na natureza, em aquário a versão mais conhecida é vermelha)
  • Dimorfismo sexual: Sim (fêmeas maiores e mais coloridas que os machos)
  • Tamanho adulto: 2,5 cm
  • Reprodução: Depósito de ovos. Chances altas.
  • Hábitos alimentares: Prioritariamente herbívoro (biofilme, algas e matéria orgânica)

      No aquário:

  • Dificuldade Média
  • Comportamento: Pacífico
  • Quantidade mínima: 5
  • Espaço mínimo: 8L
  • Temperatura: 18 a 28ºC
  • PH: Ácido a alcalino (6.5 a 8.0)
  • Convive bem com plantas: Sim
  • Pula do aquário: Pode escalar o vidro e cair (não deixe o nível da água muito próximo à borda)
  • Expectativa de Vida: 1 a 2 anos
  • Alimentação: Spirulina, rações em flocos e outras específicas para camarões.
  • Nível da água: Aquário inteiro
  • Decoração: Troncos, plantas e musgos
  • Cuidados especiais: Aclimatação lenta, manutenção semanal, evitar medicações em cobre e colegas de aquário compatíveis
  • Compatibilidade com outros peixes: Razoável. Melhor com peixes miudinhos, como otocinclus, microrrasboras e alguns tetras.

Os caramões Neocaridina são os maiores (ou menores, como preferir) embaixadores de um admirável mundo novo. Se antes a criação de camarões era uma honra e um privilégio dos aquaristas marinhos, os Neocaridinas levaram esse ofício ao estado da arte no aquapaisagismo de água doce, em variedades e cores estonteantes. Há deles vermelhos, azuis, amarelos, verdes, pretos, violetas, chocolates, etc e tal.

Em seu estado selvagem em Taiwan, ele prima pela discrição: é um camarão marronzinho e sem graça, perfeito para se mimetizar com o fundo dos riachos onde vive e escapar do olhar guloso dos peixes locais. Afinal, quando se tem apenas 2,5 cm de tamanho, quase tudo é uma ameaça! As cores espalhafatosas foram desenvolvidas em cativeiro, depois de gerações e gerações de cruzamento seletivo que exigiram uma paciência da qual só mesmo os orientais são capazes. E tal como as jujubinhas coloridas, a favorita da criançada é a variedade vermelha – o camarão cherry red.

Independente da cor, os cuidados são os mesmos, e podem intimidar quem nunca teve camarões. Para começar, eles são muito sensíveis a mudanças bruscas de parâmetros na água, exigindo uma aclimatação ainda mais gradual e lenta que a dos peixes. Alguns preciosistas chegam mesmo a usar mangueirinhas introduzindo água nos saquinhos a base de conta-gotas durante de 3 horas, mas isso já parece um exagero.

A manutenção com trocas de água deve ser feita inevitavelmente toda semana, para impedir qualquer resquício de amônia ou nitrato. Evite o excesso de comida. Medicações em cobre, nem pensar. E, por favor, tenha muito cuidado ao escolher colegas de aquário para eles, já que cabem direitinho na boca de quase todos os peixes vendidos nas lojas. As melhores opções são peixinhos diminutos, como microrrasboras, pequenos tetras (nada maior que neons), limpa-vidros (otocinclus) e coridoras nano. Peixes maiores, mesmo que pacíficos, podem intimidar os Neocaridinas e levá-los a viver enclausurados de medo. As ameaças máximas são os ciclídeos, anabantídeos, botias e baiacus, que adoram um petisco de camarão.

Ao contrário dos peixes, onde quase sempre os machos são maiores e mais bonitos que as fêmeas, com os Neocaridinas é o inverso. As fêmeas são bem maiores e têm cores mais intensas, enquanto os machos são menores e ligeiramente opacos. Mas eles se entendem muito bem e com um pouco de sorte, logo, logo, você verá uns bebezinhos se aventurando pelas plantas e musgos. Mas isso só se você tiver um aquário inteiramente dedicado a eles, pois nem mesmo o peixinho mais inocente deixariam passar a oportunidade de um lanche grátis.

A vida passa muito rápido para um camarão. A maturidade sexual chega aos 3 meses, eles têm seus filhotes e com apenas 1 ano já podem ser considerados idosos. Um Neocaridina que chega a 2 já pode ser considerado um verdadeiro Matusalém dos crustáceos. Então é bom manter uma colônia saudável e reprodutiva com pelo menos 10 indivíduos, ou você pode acabar sem camarão nenhum num piscar de olhos.

Depois de se entreter com as estripulias dos Neocaridinas e suas múltiplas variações, você pode tentar espécies um pouquinho mais desafiadoras, como os Red Crystals e os Bumblebees. Quem diria que os camarões, depois de tanto tempo sendo rebaixados a “baratas do mar”, iriam conquistar um nicho de tanto prestígio logo na água doce?

Texto: Bruno Fortini
Foto de capa: Marcelo Alcântara

Um Neocaridina selvagem

Neocaridinas de fábrica (sabores e corantes artificiais)

 

Referências:

O´LEARY, Rachel e DENARO, Mark. The 101 Best Freshwater Nano Species. The Adventurous Aquarist Guide Series. TFH Publications: Neptune, 2014.

 

Sites:

www.aquariadise.com

www.planetainvertebrados.com.br

www.marksshrimptanks.com

 

 

 

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