Peixe Cubo Amarelo (Ostracion cubicus)

Peixe Cubo Amarelo: A jujuba atômica

  • Nome científico: Ostracion cubicus (Linnaeus, 1758)
  • Outros nomes: Yellow Boxfish, Polkadot Boxfish, "Boston Bean"
  • Família: Ostraciidae
  • Distribuição: Indo-Pacífico (Do sudeste da África, passando pelo Mar Vermelho e chegando até o Havaí e as Ilhas Tuamotu, ao sul. Há uma pequena população no Atlântico, na África do Sul).
  • Habitat: Lagoas e Recifes de coral, sendo normal encontrar os filhotes entre colônias de acroporas. Profundidade de 1 a 280 m.
  • Cores:  Amarelo brilhante com pontinhos pretos (jovem); amarelo-creme com pontos azuis (subadulto); roxo opaco com "nariz" rosa e raios amarelos no corpo (adulto)
  • Dimorfismo sexual: Quase imperceptível. Não
  • Tamanho adulto: Até 45 cm
  • Hábitos alimentares: Onívoro (Algas, vermes poliquetas, moluscos, esponjas e pequenos crustáceos)

      No aquário:

  • Dificuldade de Manutenção:  Difícil
  • Comportamento: Pacífico (com o que não for parte do seu cardápio!)
  • Quantidade mínima: 1
  • Espaço mínimo: 500 L
  • Temperatura: 24 a 26 ºC
  • PH: 8.3 a 8.4
  • Salinidade: 1.023 a 1.027
  • Dureza da água: 8 a 12
  • Reef safe: Quando jovem, sim. Depois de adulto, devora praticamente tudo (corais, crustáceos, moluscos, etc).
  • Pula do aquário: Sim
  • Expectativa de Vida: Cerca de 8 anos
  • Alimentação: Algas (Nori), moluscos congelados (lulas, ostras mexilhões) e até rações industrializadas. Use alimentos vivos (artêmias ou camarões fantasmas) para estimular o apetite dos recém-chegados.
  • Nível da água: Todos
  • Decoração: Rochas vivas com aberturas para esconderijos e muito espaço livre para nadar
  • Cuidados especiais:: Alta qualidade da água, fluxo suave, alimentação constante
  • Compatibilidade com outros peixes: Boa, desde que os companheiros sejam pacíficos. Nunca, jamais, deixe ele se estressar.

Um dadinho amarelo com nadadeiras. O Peixe Cubo é uma das criaturinhas mais fofas, curiosas e adoráveis que se pode encontrar numa loja de aquários e uma opção quase irresistível para qualquer entusiasta. Soma-se a isso um vendedor que pode não saber muito bem o que está vendendo e pronto: você está prestes a colocar uma bomba relógio no seu tanque. Segue uma série de bons motivos para tentar dissuadi-lo a tempo:

1- Ostracitoxina: O Peixe Cubo Amarelo é um parente do baiacu e, como seu primo mais famoso, ele também é venenoso. Em situações de stress, ele libera através da pele uma substântica extremamente tóxica chamada ostracitoxina - capaz de exterminar em poucos minutos toda forma de vida num aquário, inclusive ele próprio. Além do ataque kamikaze, se ele por acaso morrer dentro do tanque e a substância vazar do seu fígado, o resultado é igualmente fatal. Há registros confiáveis de que até água residual do seu saquinho de transporte pode obliterar um aquário inteiro! Tudo bem, esses incidentes são relativamente raros, mas a mera possibilidade já é uma circunstância aterradora. É bom até já ter muita água salgada em estoque para a eventualidade de ter que conduzir uma mega troca parcial de água.

2- Tamanho: Ao se deparar na loja com um peixe do tamanho de um caramelo Embaré, ninguém desconfiaria que em alguns meses ele pode atingir quase 50 cm de comprimento, inviabilizando sua permanência na maioria absoluta dos aquários residenciais. Para piorar, ele perde muito do seu charme juvenil, indo do amarelo radiante para um bege pálido até chegar à sua forma final: um roxo mortiço com raios amarelos que mais parecem cicatrizes e um focinho rosa de fazer inveja ao Bozo. Parece um daqueles casos bizarros quando um astro-mirim super bonitinho vira um adulto tosco e esquisitão.

3- Incompatível com reefs: Um problema mais trivial que pode render uma bela dor de cabeça aos desavisados é o fato do Peixe Cubo não ser "reef safe". Quando ele é pequeno, não rende problema nenhum, mas à medida que for crescendo pode ser que os seus camarões, corais moles, anêmonas, ouriços e tridacnas comecem a desaparecer um a um, direto pro bucho. É recomendável colocá-lo num aquário "fish only", com peixes pacíficos de tamanho razoável. Peixes limpadores como Cleander wrasses (labroides dimidiatus) e Neon Gobies (Elacatinus oceanops) podem representar uma fonte infinita de tormento pro coitado, culminando na liberação de ostracitoxina. Melhor evitá-los. O ideal mesmo seria o Peixe-Cubo ter um aquário só para ele, facilitando os seu monitoramento. Nesse contexto, ele pode virar um pet fish fascinante como os baiacus, capaz de reconhecer o seu dono e até fazer gracinhas, como jogar esguichos d´água na cara dele.

4- Propensão a doenças: Por não ter escamas, o Peixe Cubo é muito propenso a doenças como íctio e veludo. Pena que qualquer medicamento (como cobre e formalina) pode estressar o peixe a ponto de induzir a secreção de muco venenoso. É sempre melhor recorrer a banhos de água doce, alimentos com medicamentos naturais (alho e vitaminas, por exemplo) e pequenas trocas parciais de água.

5- Dificuldade de alimentação: O Peixe Cubo é onívoro e adepto de um cardápio muito variado, de algas a vermes, moluscos e crustáceos. O filhote precisa comer com muita frequência e mesmo assim, não há garantia que ele esteja adquirindo a nutrição necessária. Há também o fator de aclimatação em um aquário novo, que pode fazer o peixe ingressar numa fatídica greve de fome. Tente quebrar o jejum oferecendo alimentos vivos (artêmias ou camarões fantasmas) e, em seguida, lula fatiada, ostras, mexilhões, algas Nori e Spirulina. Para piorar, o fato do peixe não ter linha lateral e o formato quadradão nada aerodinâmico o tornam um nadador muito atrapalhado, que não consegue competir com os outros. Para assegurar que ele esteja se alimentando bem, ofereça comida várias vezes ao dia.

Enfim, o Peixe Cubo é um animal muito complicado, um perigo para si mesmo e os outros, com um baixíssimo índice de sobrevivência em aquários e que só pode ser recomendado para experts com o conhecimento, a dedicação e a paciência infinita para tal. O aquarista iniciante que levar aquela simpática jujubinha amarela para casa mal faz ideia da explosão nuclear da qual ela é capaz.

Texto: Bruno Fortini
Foto: Marcelo Alcântara

 

Ostracion cubicus filhote: fofinho e letal

 

Referências:

ALDERTON, David. Encyclopedia of Aquarium & Pondfish. Dorlink Kinderseley: Londres, 2008.

FENNER, Robert M. The Conscientious Marine Aquarist. Neptune: TFH Publications, 2008.

GAY, Jeremy. Choosing the Right Fish for your Aquarium. Hamlyn: Londres, 2006.

 

Sites:

www.animal-world.com

www.tfhmagazine.com

www.peerintoyourworld.com

www.saltwatersmarts.com

www.wetwebmedia.com

 

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  1. Thiago Silvério 16/07/2018 at 1:40 pm · · Responder

    Esse peixe cubo é sensacional. Há alguma versão albina?

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