Donzela Talbot (Chrysiptera talboti)
Donzela Talbot: A donzela dos seus sonhos
- Nome científico: Chrysiptera talboti (Allen, 1975)
- Outros nomes: Eyespot Damsel
- Família: Pomacentridae
- Distribuição: Pacífico ocidental (normalmente coletado na Austrália, Fiji e Celebes)
- Habitat: Fendas de rochas e corais em lagoas e recifes (6 a 30m)
- Cores: Corpo predominantemente lilás, cabeça amarela e mancha preta no dorso
- Dimorfismo sexual: Aparentemente não
- Tamanho adulto: 6 cm
- Hábitos alimentares: Onívoro (pequenos crustáceos, algas e zooplâncton)
No aquário:
- Dificuldade de Manutenção: Fácil
- Comportamento: Pacífico
- Quantidade mínima: 1
- Espaço mínimo: 50 L
- Temperatura: 24 a 26 ºC
- PH: 8.1 a 8.4
- Salinidade: 1.023 a 1.027
- Dureza da água: 8 a 12
- Reef safe: Sim
- Pula do aquário: Sim (Coloque uma tampa!)
- Expectativa de Vida: 5 anos na natureza (pode atingir 15 anos em cativeiro)
- Alimentação: Mysis, artêmias, zooplâncton, rações em flocos e spirulina. Alimente 2 vezes ao dia.
- Nível da água: Todos
- Decoração: Rochas vivas
- Cuidados especiais: Rochas e fundo arenoso para esconderijos
- Compatibilidade com outros peixes: Boa. Pode sofrer com os valentões típicos (anjos, hawkfishes, pseudochromis, triggers, etc).
Você está procurando uma donzela bonita, bem baratinha, que não cresça muito, não coma os invertebrados nem enfie porrada nos outros peixes? Seus problemas acabaram! A Donzela Talbot tem todas as qualidades e nenhum dos defeitos que se poderia esperar da família Pomacentridae. O único problema é que ela é pouco conhecida (afinal, é uma entre mais de 300 espécies) e pode ser difícil de encontrar, já que muitos lojistas nunca nem ouviram falar dela.
A Talbot tem esse nome em homenagem ao biólogo marinho Frank Hamilton Talbot, ex-diretor do célebre Museu da Austrália e entusiasta do peixinho. O seu outro nome, Eyespot, refere-se ao ocelo (olho falso) que ela possui no dorso, que confunde os predadores que preferem emboscar mirando na cabeça. Essa manchinha, acompanhada de uma coloração lilás e cabeça amarela, a torna praticamente inconfundível.
Na natureza, ela é encontrada na faixa do Pacífico coincidente ao Triângulo de Coral, o epicentro mundial da vida marinha. Vive em lagoas e recifes sempre próxima às barafundas de rochas e corais, onde se esconde ao menor sinal de perigo (e para um peixe desse tamanho, praticamente tudo é perigoso!). Seu prato preferido é zooplâncton e uma pitadinha assim de algas.
Manter uma Talbot no aquário é tão fácil quanto um palhacinho. Ela não cria caso para comer, não fica doente fácil e não implica com ninguém. Pena que a recíproca nem sempre seja verdadeira e uma Talbot recém-chegada a um aquário já ocupado pode facilmente se converter no saco de pancadas local. Por um tempo, pelo menos. A minha apanhou muito de um Pseudochromis fridmani e do casal de palhaços no início, mas hoje já bota o fridmani pra correr e não leva mais desaforo dos palhaços. Se você tiver bastante espaço, pode colocar um casal ou até mesmo um grupo, desde que cada Talbot tenha em média 60 litros de espaço livre.
Uma curiosidade da Talbot é que ela cava bastante, como se fosse um góbio, e sempre espalha novas tocas pelo aquário. Quanto mais esconderijos ela tiver, mais segura irá se sentir e se mais serelepe irá se mostrar, para a alegria do aquarista.
A Talbot é considerada por muitos autores (incluindo Robert Fenner, Walt Smith e Edward Jackson) como a melhor donzela para reefs e um dos melhores peixes marinhos para iniciantes. Ou seja, ela tem todos os requisitos para o estrelato. Mas a sutileza faz parte do charme.
Por Bruno Fortini
Fotos: XXXXXX
Referências:
FENNER, Robert M. The Conscientious Marine Aquarist. Neptune: TFH Publications, 2008.
MICHAEL, Scott W. The 101 Best Saltwater Fishes. The Adventurous Aquarist Guide Series. Neptune: TFH Publications, 2007.
Sites:
www.wetwebmedia.com
Nota adicional de 09/05/2022: Olhando em retrospecto, acho que eu exagerei um pouco na questão do bom temperamento da Talbot. Depois de alguns poucos anos como cidadã exemplar, a minha cismou que o aquário de 300 litros é só dela e praticamente levou o meu Midas Blenny a um suicídio induzido numa sequência tão desastrosa de acontecimentos que não gosto nem de lembrar. É bizarro, pois isso contraria não só minha experiência prévia com a espécie, mas também praticamente toda a literatura disponível sobre ela. Mas temos que lembrar que o comportamento de indivíduos jovens em baterias de lojas pode destoar consideravelmente de exemplares mais velhos e já estabelecidos. Será que o destino de toda linda donzela é se tornar uma megera indomável?
Bruno Fortini