Lyretail Anthias (Pseudanthias squamipinnis)

Lyretail Anthias: Linda como uma borboleta. E quase tão frágil quanto uma.

  • Nome científico: Pseudanthias squamipinnis (Peters, 1855)
  • Outros nomes: Wreckfish, Fancy Sea Bass, Scalefin Anthias, Sea Goldie, Orange Anthias, Purple Anthias, Jewel Fairy Basslet
  • Família: Serranidae
  • Distribuição: Mar Vermelho e Indo-Pacífico (oeste da Austrália, sul do Japão, Indonésia, Filipinas e Ilhas Fiji)
  • Habitat: Bordas de recifes em zonas de corrente intensa e alta agregação de corais duros (10-30 m)
  • Cores:  Macho é carmesim e a fêmea laranja, ambos com gradações amarelas e rosadas espalhadas pelo corpo
  • Dimorfismo sexual: Além das diferenças de cores, o macho é maior e tem um longo filamento na barbatana dorsal.
  • Tamanho adulto: Cerca de 10 cm
  • Hábitos alimentares: Carnívoro (crustáceos, ovos, larvas e zooplâncton)

      No aquário:

  • Dificuldade de Manutenção: Intermediária-Difícil
  • Comportamento: Semi-agressivo
  • Quantidade mínima: 1 (mas prefere a vida em cardume)
  • Espaço mínimo: 200 l (para um único peixe); 400 l (um macho e duas fêmeas); 800 l (um macho e sete fêmeas)
  • Temperatura: 24 a 26 ºC
  • PH: 8.1 a 8.4
  • Salinidade: 1.021 a 1.024
  • Dureza da água: 8 a 12
  • Reef safe: Sim
  • Pula do aquário: Sim (Coloque uma tampa!)
  • Expectativa de Vida: 5 a 10 anos
  • Alimentação: Alimentos congelados e secos (artêmias, mysis, cyclops)
  • Nível da água: Superfície
  • Decoração: Rochas vivas
  • Cuidados especiais: Um cardume, tampa para evitar saltos, fluxo de água intenso, refúgio no sump para colônias de custáceos
  • Compatibilidade com outros peixes: Razoável. Pode sofrer com os valentões (hawkfishes, anjos, pseudochromis) e descontar nos fracotes (firefishes, góbios e flasher wrasses)

Uma das imagens mais icônicas do Indo-Pacífico é a vista de um jardim submerso de corais duros envolto por um imenso cardume de peixinhos dourados – as Anthias. Elas são vistas aos milhares nadando graciosamente contra as correntes que fustigam os recifes, muitas vezes em áreas revoltas próximas à quebra das ondas. Também são comuns em locais de naufrágios, o que lhes rendeu o apelido de wreck fishes. É difícil acreditar, mas as Anthias são parentes próximas das temíveis garoupas (que dificilmente levariam os laços familiares em consideração antes de engolir suas priminhas).

Dentre as mais de 200 espécies, a Lyretail Anthias é a mais difundida na natureza e também nos aquários. Felizmente também é uma das mais fáceis. Mas “fácil” é um termo que dificilmente se aplica a uma Anthias e se você ainda for um neófito em aquarismo marinho, um conselho: arrume outro peixe.

Por viver em cardume, a Anthias fica bem mais feliz em um aquário grande a partir de 400 litros, que possa acomodar um macho e um harém de várias fêmeas. O macho é muito territorial e, além de não gostar de ter outros concorrentes por perto, vez por outra desce a lenha nas fêmeas também para mostrar quem é o garnizé do terreiro. Um ponto curioso é que, se ele morrer, seu lugar será tomado pela fêmea dominante, que eventualmente se transforma em outro macho. Se o aquário for pequeno (200 litros é o mínimo recomendável), você tem a opção de colocar um único peixe, embora o célebre autor Robert Fenner alegue que Anthias solitárias cedo ou tarde podem  exibir distúrbios comportamentais.

Por falar em comportamento, a Anthias é muito impressionável e se não estiver bem ambientada você corre o risco de qualquer dia encontrá-la seca no chão da sala. Para evitar essa cena aterradora, você deve providenciar uma tampa, uma boa quantidade de rochas vivas que sirvam como esconderijos e a companhia de peixes seguros e tranquilos (mesmo que a Anthias, por sua vez, possa ser bem sacaninha com peixes menores e mais tímidos). Assegure-se de que a água do aquário esteja em perfeitas condições e deixe o fluxo bem intenso, simulando as fortes correntes do seu habitat oceânico. O não atendimento de todos esses critérios pode induzir um quadro de stress favorecendo a propensão natural da Anthias para infecções de bactérias e protozoários.

A alimentação talvez seja o ponto mais difícil. A Anthias tem um metabolismo muito rápido e deve ser alimentada ao menos 2 vezes por dia, de preferência 3 ou 4. Embora no início prefira alimentos vivos (ex: artêmias adultas), ela pode ser condicionada a aceitar gradualmente alimentos congelados e secos, como artêmias, mysis, cyclops, Calanus e outras rações industriais. É bom ter um sump com refúgio e uma cama de areia profunda que favoreça a proliferação de pequenos crustáceos, como copépodes e anfípodes, que a Anthias possa petiscar entre uma refeição e outra.

Por não permitir nenhuma margem de erro, a Anthias definitivamente fica melhor instalada em um aquário high tech grande e bonitão, repleto de corais duros e com parâmetros constantemente monitorados por um sistema de computador. Em outras palavras, em um aquário de gente rica.

Obs 1: O Midas Blenny (Ecsenius midas) frequentemente é aceito como membro honorário de um cardume de Lyretail Anthias, formando uma trupe divertidíssima!

Obs 2: A maioria das Anthias encontradas no aquarismo não são “verdadeiras” Anthias, mas sim parentes próximas do gênero Pseudanthias (como o nome diz, “falsas anthias”). As verdadeiras Anthias são nativas do Atlântico e do Mediterrâneo, raramente dando as caras no mercado. Por causa da confusão taxonômica, o nome Anthias erroneamente acabou virando sinônimo de toda a categoria.

Por Bruno Fortini
Fotos: Marcelo Alcântara e Adriano Lima

lyretail Anthias fêmea - O Pulo do Góbio

Lyretail fêmea: Não lembra o seu antigo douradinho?

Lyretail anthias filhote - O Pulo do Góbio

Uma pequena Anthias em um vasto mundo...

 

Referências:

FENNER, Robert M. The Conscientious Marine Aquarist. Neptune: TFH Publications, 2008.

GAY, Jeremy. Choosing the Right Fish for your Aquarium. Hamlyn: Londres, 2006.

MICHAEL, Scott W. The 101 Best Saltwater Fishes. The Adventurous Aquarist Guide Series. Neptune: TFH Publications, 2007.

SANDFORD, Gina. Aquarium Owner´s Manual. Londres: Dorling Kindersley, 2005.

 

Sites:

www.reefkeeping.com

www.tfhmagazine.com

www.wetwebmedia.com

 

 

 

 

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  1. Flávia Costa Cruz Negrão de Lima 23/09/2018 at 4:34 am · · Responder

    Como esse pexinho é lindo! Impressionante! Por favor, me esclareça: é verdade que uma Anthia precisa de no mínimo 40 litros de água?

    P.S: adoro o humor dos seus textos!

    • Multiplique por 10, Flávia! Para um macho e 2 fêmeas, o recomendável é pelo menos 400 litros. Um amigo meu, aquarista profissional, afirma que esse trio ficaria bem em apenas 200 litros. Mas eu sou de uma linha bem mais conservativa….

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