Flame Angel (Centropyge loriculus)

Flame Angel: Um anjo meio endiabrado

  • Nome científico: Centropyge loriculus (Gunther, 1874)
  • Outros nomes: Japanese Pigmy Angelfish
  • Família: Pomacanthidae
  • Distribuição: Oceano Pacífico (leste das Filipinas até Samoa, incluindo Havaí e a Grande Barreira de Corais na Austrália. Mais comum nas Ilhas Marshall).
  • Habitat:  Recifes de coral isolados e trechos pedregosos com macroalgas. Profundidade de 2 a 57 m.
  • Cores: Vermelho ou laranja intensos com listras pretas e detalhes azuis nas barbatanas dorsal e anal.
  • Dimorfismo sexual: Sim (machos são maiores e têm seções azuis nas barbatanas dorsal e anal).
  • Tamanho adulto: 10 cm
  • Hábitos alimentares: Onívoro (principalmente detritos e microalgas)

     No aquário:

  • Dificuldade: Moderada
  • Comportamento: Semi-agressivo
  • Quantidade mínima: 1
  • Espaço mínimo: 200 L
  • Temperatura: 24 a 26 ºC
  • PH: 8.1 a 8.4
  • Salinidade: 1.020 a 1.025
  • Dureza da água: 8 a 12
  • Reef safe: Imprevisível (roleta russa com corais, zoanthus, tubeworms, anêmonas e tridacnas). Não ataca camarões.
  • Pula do aquário: Sim
  • Expectativa de Vida: Cerca de 5 a 7 anos
  • Alimentação: Mysis, artêmias, frutos do mar picados (camarão, polvo e caranguejo) e uma boa quantidade de alimentos verdes, como alface, espinafre, brócolis, nori  (alga marinha desidratada) e Spirulina. Alimente 2 vezes ao dia.
  • Nível da água: Meio
  • Decoração: Rochas vivas
  • Cuidados especiais: Cavernas de rochas vivas para esconderijos; boa circulação; algas na dieta
  • Compatibilidade com outros peixes: Pode bancar o valentão na presença de peixes menores (góbios, firefish, cardinais, etc), principalmente em espaços exíguos. Convive melhor com peixes mais “safos”, como pseudochromis, hawkfishes, blênios e donzelas.

O Flame Angel disputa com o Coral Beauty (Centropyge bispinosa) o troféu de anjo anão mais popular em aquários marinhos. “Popular” é força de expressão, pois este peixinho fabuloso definitivamente não é barato, mesmo que seja presença habitual nas lojas. Mas além de qualquer capacidade econômica e apuro estético, colocar um Flame Angel no aquário é um testamento da coragem do aquarista, por um simples motivo: ele pode mordiscar o muco protetor dos corais. Glupt!

E não é só corais, não. Tridacnas,  tubeworms e até anêmonas também podem levar umas mordidinhas até se retraírem e morrerem. Embora muitos aquaristas proclamem orgulhosamente que seus Flames sejam cidadãos modelo e não incomodem ninguém, com certeza eles sentirão um friozinho na espinha no dia que o seu coral favorito não abrir como deveria. Em um aquário pequeno, o risco aumenta, pois o peixe pode firmar um acordo de exclusividade com um único coral até acabar com ele.

Alarmismos à parte, é verdade que os exemplares dessa espécie costumam se adaptar muito bem à vida em aquário, melhor do que a maioria dos outros 32 tipos de Centropyge. Mesmo assim, alguns cuidados devem ser respeitados: uma boa quantidade de rochas vivas para  o Flame se esconder e cavucar microfauna e, de preferência, um cultivo de águas filamentosas que ele tanto gosta e aquaristas geralmente odeiam.

Embora possa ser meio folgadinho, principalmente em um aquário pequeno, o Flame não é particularmente durão e pode eventualmente virar saco de pancada de tangs, que também são peixes algueiros e geralmente bem maiores do que ele. Evite colocá-lo na companhia de peixes pequenos e passivos demais (ex: góbios, firefishes, flasher wrasses, etc) e também de predadores natos como triggers, garoupas e peixes leão. Entre boas opções de coleguinhas, estão os blênios, dottybacks, tangs (a maioria!), palhaços, donzelas, wrasses e hawkfishes.

Também convém evitar a presença de outros anjos anões, inclusive da mesma espécie, pois eles podem brigar feio – a menos que você tenha um aquário muito grande. Se quiser um casal, coloque 2 exemplares juvenis: ambos começam a vida como hermafroditas, até se definirem como macho e fêmea, sendo ele maior e mais vistoso. É improvável que você consiga reproduzi-los em casa, mas é um alívio saber que o mercado já está conseguindo produzir exemplares aquaculturados a preços ainda não tão módicos (cerca de 230 dólares no site Liveaquaria).

Para finalizar, voltemos à questão do início do texto. Me perdoe, Coral Beauty, mas meu voto vai para o Flame Angel. Um dos mais belos, resistentes e longevos de todos os Centropyges, um grupo onde o padrão é ser extraordinário.

Por Bruno Fortini
Foto: Adriano Eduardo de Lima

 

Referências:

ALDERTON, David. Encyclopedia of Aquarium & Pondfish. Dorlink Kinderseley: Londres, 2008.

FENNER, Robert M. The Conscientious Marine Aquarist. Neptune: TFH Publications, 2008.

GAY, Jeremy. Choosing the Right Fish for your Aquarium. Hamlyn: Londres, 2006.

GOMES, Sergio. O Aquário Marinho e as Rochas Vivas. São Paulo, 2007.

MICHAEL, Scott W. Angelfishes & Butterflyfishs. Reef Fishes Series. Neptune: TFH Publications, 2004.

MICHAEL, Scott  W. The 101 Best Nano-Reef Species. The Adventurous Aquarist Guide Series. Neptune: TFH Publications, 2014.

SHARE IT:

Commenting area

  1. É verdade que o peixinho Flame Angel ataca os corais?

    • Existe sim a possibilidade azarada do Flame Angel mordiscar a geleia protetora que reveste os corais. Sem ela, os pólipos ficam desprotegidos, infeccionam e morrem. Esse problema é pior em aquários pequenos, pois aí a atenção do peixe ficaria focada em poucos corais. É reconfortante lembrar que celenterados nem são os pratos favoritos dos Flame Angels, que preferem microfauna, detritos e algas.

  2. vitor andriolo 30/01/2019 at 6:17 pm · · Responder

    alguma indicaçao pro flame parar de beliscar corais?

    • O lado negro de um flame angel é um caminho sem volta, Vitor! Monte uma armadilha e mude o peixo de aquário, enquanto ainda é tempo de salvar algum coral…

Leave a Reply

You can use these tags: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>