Barbo Denisoni (Sayadria denisonii)
Barbo Denisoni: O design indiano nunca foi tão elegante
- Nome científico: Sayadria denisonii (Day,1865)
- Outros nomes: Rosy-line Shark, Red Lined Torpedo Barb, Miss Kerala (Índia), Chorai Kanni (Ìndia), Denison´s Flying Fox, Red Flash Barb, Pez Torpedo de Banda Roja (em espanhol)
- Família: Cyprinidae
- Distribuição: Sul da Índia, na região montanhosa dos Gates Ocidentais
- Habitat: Riachos de águas rápidas nas montanhas e poços pedregosos de rios com vegetação densa.
- Cores: Corpo prateado, nadadeira dorsal com risco vermelho e 2 linhas laterais partindo do focinho: uma vermelha até a metade do corpo e, logo abaixo, uma preta que se estende até a cauda com detalhes em amarelo.
- Dimorfismo sexual: Fêmeas são mais roliças e menos coloridas que os machos
- Tamanho adulto: 9 a 12 cm
- Reprodução: Dispersão de ovos (Difícil de ocorrer em aquário doméstico)
- Hábitos alimentares: Onívoro (insetos, vermes, crustáceos, matéria vegetal e detritos)
No aquário:
- Manutenção: Moderada
- Comportamento: Pacífico
- Quantidade mínima: 6
- Espaço mínimo: 200 L
- Temperatura: 18 a 26ºC
- PH: 6.5 a 7.8
- Dureza da água: 5 a 12
- Convive bem com plantas: Sim
- Expectativa de Vida: 8 anos
- Alimentação: Praticamente todas as rações para peixes de água doce, incluindo bloodworms, tubifex e Spirulina.
- Decoração: Plantas
- Cuidados especiais: Aquário estabilizado, boa circulação de água, temperatura amena, PH neutro, tampa para evitar saltos, companhia de um cardume
- Compatibilidade com outros peixes: Boa, ao contrário de outros barbos não morde as nadadeiras de ninguém
O Barbo Denisoni é hoje um superstar do mundo do aquarismo. Mas nem sempre foi assim. Até recentemente, ele levava uma vida sossegada nos riachos montanhosos do sul da Índia, onde era conhecido como Miss Kerala ou Chorai Kanni (“olhos de sangue”) pela população local. Nem desconfiava do efeito que sua beleza teria sobre ávidos colecionadores no outro canto do mundo. Mas o destino quis que em meados dos anos 90, ele fosse levado ao ocidente, onde provocaria um grande frisson. Muitos não acreditaram no que viram. Chegaram a pensar que era um peixe qualquer tingido com corante vermelho (uma prática recorrente no submundo do comércio de animais na Ásia), até que sua autenticidade fosse comprovada.
Sucesso imediato de mercado, Denisonii logo tornou-se um item de exportação indiano vendido a preço de ouro na Europa e EUA. Agora, duas décadas depois, as consequências disso foram divulgadas pela IUCN Rec List: a espécie foi reduzida a menos da metade da população original, correndo um risco real de extinção. Quem disse que o aquarismo não possui sua faceta predatória? Agora felizmente já estão conseguindo reproduzi-lo em criadouros na Ásia, mas o processo foi tão atropelado pela alta demanda que a matriz original se enfraqueceu e o peixe hoje é muito mais sensível do que costumava ser.
O Denisoni é bem grandinho para um barbo, lembrando mais um labeo ou um flying fox siamês riscado de vermelho. Ao contrário de seus primos mordedores, ele é um pacato cidadão que não incomoda ninguém, nem as plantas – uma razão extra para colocá-lo em aquários plantados. Come de tudo, sem reclamar. Forma cardumes com os outros da sua espécie e sua felicidade depende disso. Não vamos entrar no aspecto filosófico do que seria felicidade para um peixe....
Agora começam as complicações. Quem já criou barbos e conhece bem a resiliência da família (alguns vivem bem até em tanques ao ar livre), vai se assustar com a delicadeza do Denisoni. Para começar, por ser nativo de um clima montanhoso subtropical, ele não suporta altas temperaturas na casa dos 30 graus (26ºC no máximo). Também precisa de água muito limpa e bem oxigenada, sem qualquer sinal de amônia, sendo recomendável a TPA semanal de 30% do volume e a adição de bombas de ar auxiliares. O aquário deve ter no mínimo 200 litros, pois ele é muito ativo e precisa de um bom espaço para nadar. E, por fim, não se esqueça de colocar uma tampa: o Denisoni é impressionável e qualquer sustinho pode induzi-lo a chapar a cara no vidro ou dar um salto mortal direto no chão da sala.
O Denisoni não é mais um artigo de luxo, embora ainda tenha um preço salgadinho para o aquarista médio. Mas a decisão de adquirir um cardume dessa espécie não pode se resumir a uma questão de prestígio ou valor social. Mais do que isso, envolve o compromisso de entender as especificidades e fazer o possível para atendê-las. Lembrando também o deplorável estado de conservação da espécie na natureza, certifique-se de adquirir exemplares aquaculturados. Talvez você ainda não possa salvar o urso panda, mas o Barbo Denisoni já é um bom começo.
O Verdadeiro Denisoni
Embora seja uma nova aquisição no mercado de aquarismo, o Barbo Denisoni já era conhecido pela ciência desde o final do século XIX. Mais especificamente desde 1865, pelo médico naturalista e ictiólogo Francis Day (1829-1889), um renomado expert na fauna indiana. O peixe recebeu o nome de Labeo denisonni*, em homenagem a Sir William Denison (1804-1871), um dignatário inglês que governou um território da Índia durante o período colonial. Era um notório administrador, engenheiro e líder político, mas talvez Day o admirasse pelo seu interesse em ciências e por ter patrocinado vários estudos sobre a história natural da Índia.
* Obs: A classificação taxonômica do Denisoni sofreu várias mudanças ao longo dos anos. Ele já colocado no gênero Labeo, Barbus, Puntius e em 2013 no novo gênero Sayadria, que hoje abriga apenas 2 espécies.
Texto: Bruno Fortini
Foto da capa: Marcelo Alcântara
Referências:
GAY, Jeremy. Choosing the Right Fish for your Aquarium. Hamlyn: Londres, 2006.
ROGERS, Geoff. FLETCHER, Nick. Guia Viual de Peces de Acuario de Agua Dulce. El Drac: Madri, 2004.
Sites: