Cirurgião Aquiles (Achilles Tang)
Cirurgião Aquiles: Um desafio de proporções épicas
- Nome científico: Acanthurus achilles (Shaw, 1803)
- Outros nomes: Red Tail Tang
- Família: Acanthuridae
- Distribuição: Oceano Pacífico (Ilhas da Polinésia, passando pelo Havaí e chegando até a costa do México)
- Habitat:Águas turbulentas de recifes rasos. Profundidade de 0 a 10 m.
- Cores: Juvenil: Corpo roxo com barbatana dorsal laranja e gota laranja pequena nos flancos. Cauda com ponta laranja. Adulto: Igual ao juvenil, mas com a gota laranja bem maior e barbatana dorsal roxa
- Dimorfismo sexual: Não
- Tamanho adulto: 25 cm
- Hábitos alimentares: Herbívoros (Algas verdes e vermelhas)
No aquário:
- Dificuldade de Manutenção: Difícil (Expert)
- Comportamento: Semi agressivo
- Quantidade mínima: 1
- Espaço mínimo: 800 litros
- Temperatura: 24 a 26 ºC
- PH: 8.1 a 8.4
- Salinidade: 1.021 a 1.025
- Dureza da água: 8 a 12
- Reef safe: Sim
- Pula do aquário: Sim (Coloque uma tampa!)
- Expectativa de Vida: Cerca de 20 anos
- Alimentação: Alimentos verdes (alface do mar, Nori e Spirulina) 3 vezes por semana, complementando com artêmias, zooplâncton e rações bem apetitosas). É bem chato pra comer.
- Nível da água: Todos
- Decoração: Rochas vivas
- Cuidados especiais: Tanque enorme com circulação intensa e qualidade da água impecável; cuidado com alimentação
- Compatibilidade com outros peixes: Nada simpático com outros Tangs, mas pacífico com outras espécies
O nome do herói Aquiles da mitologia grega foi dado a este magnífico peixe devido à mancha laranja em seu pedúnculo caudal, supostamente a parte do corpo mais próxima que ele teria de um calcanhar. Mas também poderia servir muito bem para evocar o destino trágico que o aguarda nas mãos de aquaristas inexperientes. Pois de todos os muitos Tangs regulares no mercado de peixes ornamentais, este é o mais difícil, pior até que o Clown (Acanthurus lineatus), o Powder Blue (Acanthurus leucosternon) e o Powder brown (Acanthurus nigricans). Mais um exemplo da regra quase infalível de que quanto mais bonito o peixe, mais sensível ele é.
Na natureza, o Aquiles vive solitário ou em grandes grupos em águas rasas e turbulentas onde as ondas passam praticamente rasgando os corais rentes à superfície. A sua distribuição é bem ampla ao longo da faixa tropical do Pacífico, desde a Indonésia, passando pelo Havaí (onde é muito comum) e surpreendentemente chegando até as praias do México e Califórnia.
Os problemas de adaptação ao cativeiro já começam logo na fase da coleta, geralmente realizada à noite com redes de barreira, quando os peixes ainda estão dormindo no fundo. Como a pele é bem mais suave e aveludada que a média dos Tangs, eles reagem especialmente mal à captura e manipulação. Alguns exemplares em aquário apresentam até marcas de dedos nas mucosas! Eles também sofrem muito com o transporte, por necessitarem sempre de água com muita oxigenação. Sobrevivendo ao extenuante percurso até um aquário, vem a fase dramática de convencê-los a comer e rezar para que eles não desenvolvam o famigerado íctio para o qual têm uma infinita propensão, ganhando até o nome jocoso de “Íctio Tangs”!
A greve de fome é comum durante o período de aclimatação e convencer um Aquiles amaciado a comer é um dos piores infernos astrais que podem se abater sobre um aquarista. Deve-se tentar desde Nori a artêmias vivas, sem garantia de sucesso. O fato dele estar comendo direitinho na loja não é garantia de nada; a cada mudança de tanque, o processo de aclimatação reseta. É também imprescindível manter uma circulação intensa para emular a turbulência dos recifes onde o Aquiles vive e manter a salinidade próxima ao oceano, sem oscilações. Não economize no sal! Outra dica bem útil é reduzir a presença de outros comedores de algas (como blênios) e da equipe de limpeza no aquário, para ele ter sempre cantos bem verdinhos para mordiscar.
Para além de todas as dificuldades técnicas, existe também a barreira econômica. Da última vez que chequei, um Aquiles é vendido no Brasil pela bagatela de 7 mil reais! Mas por que, se ele é um peixe relativamente comum na natureza e amplamente distribuído ao longo do Pacífico? Por vários motivos: a captura difícil em áreas de surf, as barreiras recém-impostas a coleta de peixes no Havaí (que também afeta os yellow tangs!), o grande número de perdas ao longo do processo de aclimatação e transporte e até mesmo o alto valor agregado da espécie. Não tenha dúvida, o Olimpo do aquarismo não está nem aí em agradar gregos e troianos.
Por Bruno Fortini
Fotos: Marcelo Alcântara
Referências:
ALDERTON, David. Encyclopedia of Aquarium & Pondfish. Dorlink Kinderseley: Londres, 2008.
AXELROD, Herbert R. BURGESS, Warren E. Saltwater Aquarium Fishes. TFH Publications: Neptune City, 1995.
FENNER, Robert M. The Conscientious Marine Aquarist. Neptune: TFH Publications: Neptune City, 2008.
KINGSLEY, Rebecca. Peixes de Aquário Marinho – Guia Prático. Nobel: 1998
Excelente texto! Informação de qualidade, mas de passada de forma leve e divertida. Apenas uma dúvida: seria recomendável dar estimuladores de apetite para o Aquiles durante o período de adaptação ao novo lar?
Boa observação, Flávia! Com certeza, eu usaria o “Garlic Guard” da Seachem, que além de estimular o apetite ainda reforça as defesas do sistema nervoso. Ps: Será que eles me arrumam um potinho pelo merchandising gratuito?! Rsrssr)
Muito legal o site! Leve, divertido, informativo! Parabéns pelo trabalho!
Poderia fazer um post sobre o yellow watchman né? Haha
Obrigado pelo feedback e pela sugestão, Fraan! O yellow watchman eh grande favorito! Eu já tive três!
Boa tarde. Voce teria o Achilles tang pra vender/ Quanto Custa???
Olá, Antônio Carlos. O “Pulo do Góbio” é um blog de aquarismo, não uma loja. Mas você encontra o Aquiles no mercado por volta de 6 a 7 mil reais, da última vez que chequei.