Acará-Bandeira (Pterophyllium scalare)

Acará-Bandeira: Um clássico nunca sai de moda!

  • Nome científico: Pterophyllium scalare (Schultze, 1823)
  • Outros nomes: Angelfish (ingles)
  • Família: Cichlidae
  • Distribuição: Bacia Amazônica (Rio Amazonas e afluentes, passando por Brasil, Colômbia, Peru e Equador).
  • Habitat: Canais profundos de águas lentas, se esgueirando entre a vegetação, troncos e galhos.
  • Cores:  Cinza com 4 listras pretas verticais (além das formas variantes)
  • Dimorfismo sexual: Muito sutil (mais fácil identificar em períodos reprodutivos)
  • Tamanho adulto: Até 15 cm de altura
  • Reprodução: Dispersão de ovos em folhas e pedras
  • Hábitos alimentares: Carnívoro (insetos, vermes, pequenos peixes e crustáceos)

      No aquário:

  • Dificuldade de Manutenção: Fácil
  • Comportamento: De pacífico a semi-agressivo
  • Quantidade mínima: 2
  • Espaço mínimo: 100 L
  • Temperatura: 24 a 28 ºC
  • PH: 6 a 7.5 (De preferência mais ácida)
  • Dureza da água: 8 a 12
  • Compatibilidade com plantas: Sim
  • Pula do aquário: Sim. Coloque uma tampa.
  • Expectativa de Vida: 10 a 12 anos
  • Alimentação: Praticamente todas as rações para peixes de água doce; Spirulina; Bloodworm; Tubifex; também gosta de alface e peras
  • Nível da água: Meio
  • Decoração: Espaço aberto na frente; pode usar plantas grandes como valisnérias e amazonenses atrás.
  • Cuidados especiais: Aquário alto; circulação suave; vegetação densa; atenção ao excesso de comida.
  • Compatibilidade com outros peixes: Boa, com peixes pacíficos que não mordam nadadeiras. Cuidado com o Bandeira adulto - ele pode lanchar os seus Neons e brigar com os outros Bandeiras.

Nos longínquos anos 80, muito antes dos aquaristas se familiarizarem com o termo “ciclídeo”, o majestoso Acará Bandeira já reinava supremo nos aquários de água doce. Mesmo hoje, ele é um ícone do hobby, reconhecido até por pessoas que nunca tiveram um aquário na vida. O Bandeira continua muito apreciado, seja para tanques comunitários e cada vez mais também para projetos de aquapaisagismo.

É um peixe facílimo de manter, muito resistente e versátil. Embora seja de água ácida, há um relato confiável do site Angelsplus, especializado em Bandeiras, de que ele suporta até PH 8.5 (crianças, não tentem isso em casa!). Na natureza, ele se alimenta de pequenos vermes e insetos, mas no aquário aceita praticamente tudo, e cabe ao aquarista impor limites a esse apetite infinito que pode levá-lo a uma morte prematura.

O próprio formato verticalizado do peixe já sugere colocá-lo em um aquário alto e espaçoso, sendo 100 litros o mínimo recomendável. Como na natureza o Bandeira vive em ambientes sombrios e intrincados, repletos de raízes e troncos submersos, ele se sentirá mais à vontade em aquários densamente plantados. Os aquapaisagistas gostam muito de colocá-lo em tanques de plantas altas, como as Valisnérias, mas ele também pode se acomodar muito bem a tanques ao estilo “natureza morta” com apenas troncos e rochas.

O Bandeira já é encontrado nas lojas desde filhotinho, pouco maior que uma moeda, e nesse estágio ele é um excelente peixe comunitário. Mas em menos de um ano ele se torna um adulto, alcançando quase 10 cm de altura. E é justamente aí que nos lembramos que ele é um ciclídeo, exibindo  um pouco da marrentice habitual da família. Ele se separa do grupo, forma um casal, define um território e começa a atazanar os outros, principalmente a cada intervalo reprodutivo – mais um bom motivo para um aquário grande. Assegurando o seu espaço privativo, ele convive bem com várias outras espécies, desde não sejam pequenas demais (neons verdes vão pro bucho!) nem mordedores de nadadeiras, como os barbos sumatranos. Criadores mais puristas focados na reprodução recomendam colocá-lo num tanque exclusivo, apenas na companhia de coridoras e cascudos. Há uma questão recorrente entre aquaristas sobre a suposta incompatibilidade de Bandeiras com Discos e, na falta de uma experiência pessoal sobre o assunto, prefiro confiar nos relatos positivos dos especialistas.

A reprodução de Acarás Bandeira é uma verdadeira ciência. O casal de bandeiras se isola num canto do aquário, a fêmea engorda com os ovos e depois os deposita em rochas e plantas altas para serem fertilizados. É justamente na fase de cortejamento que fica mais fácil distinguir machos e fêmeas, através da comparação da papila próxima à nadadeira anal, pontuda nos machos e arredondada nas fêmeas. O problema é que após tantos cruzamentos sucessivos em cativeiro, muitos Bandeiras perderam o vínculo parental com os filhotes, às vezes chegando até a comê-los. Para prevenir isso, alguns especialistas recomendam sempre colocar um Bandeira selvagem em um grupo aquaculturado, no intuito de reconectar os demais com o instinto de preservação da espécie.

O Bandeira, tal como os Discos, é uma das espécies de aquário mais maleáveis geneticamente e de tempos em tempos os criadores especializados aparecem com uma variedade nova. Já inventaram o Dourado, o Mármore, o Preto, o Albino, o Meio-Preto, o Koi, o Cauda de Véu, o Azul, etc. Dizem que é só questão de tempo até desenvolverem um totalmente vermelho. Mas fique avisado que muitas dessas variedades são bem mais frágeis que a forma original e tendem a exibir  desvios parentais com as crias.

Há uma outra espécie de Acará Bandeira, o Pterophyllium altum, mais conhecido como Altum, mas essa espécie extraordinária merece um capítulo à parte.

Por Bruno Fortini
Fotos: Adriano Eduardo de Lima

Bandeira Mármore

Referências:

ALDERTON, David. Encyclopedia of Aquarium & Pondfish. Dorlink Kinderseley: Londres, 2008.

BINI, Etson. Peixes do Brasil – De Rios, Lagoas e Riachos. Homem Pássaro Publicações: Itapema, 2012.

GAY, Jeremy. Choosing the Right Fish for your Aquarium. Hamlyn: Londres, 2006.

SANDFORD, Gina. MiniEncyclopedia - The Tropical Aquarium. Barron´s Educational Series: Nova Iorque,
2005.

SANDFORD, Gina. Aquarium Owner´s Manual. Dorling Kinderseley: Londres, 2005.

SENSKE, Jeff e Mike. The Inspired Aquarium – Ideas and Instructions for Living with Aquariums. Quarry Books: Massachusetts, 2006.

WOOD, Kathleen. The 101 Best Tropical Fishes. The Adventurous Aquarist Guide
Series. TFH Publications: Neptune, 2007.

 

Sites:

www.angelsplus.com

 

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  1. Os Acará Bandeira não gostam também de vegetais? Ja me disseram que, entre uma refeição e outra, eles gostam muito de dar umas mordidinhas em algumas plantas

    Obs: fiquei curiosa sobre o Altum!

    • Eles são ciclídeos, e ciclídeos fazem o que lhes dá na telha! Rs! Embora não seja a parte principal da sua dieta, é bem capaz que Bandeiras mordisquem, puxem, soltem e atrapalhem o arranjo de plantas, principalmente num aquário pequeno. O Altum é um Bandeira do Rio Orenoco, ainda mais alto e elegante que o Bandeira tradicional. Era um dos peixes favoritos do grande mestre do aquapaisagismo Takashi Amano. O vídeo abaixo, gravado na exposição “Florestas Submersas” de Amano no Ocenário de Lisboa traduz bem a sua majestade:

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