Hepatus (Paracanthurus hepatus)
Hepatus: Sinônimo de aquarismo marinho
- Nome científico: Paracanthurus hepatus (Linnaeus, 1766)
- Outros nomes: Cirurgião Patela, Regal Tang, Pacific Blue Tang, Hippo Tang, Flagtail Surgeon, Wedgetail Tang, “Dory”
- Família: Acanthuridae
- Distribuição: Indo-Pacífico (Do leste da África, passando por Sri Lanka, Filipinas e Austrália até Samoa)
- Habitat: Recifes de coral com águas cristalinas e corrente forte. Profundidade de 2 a 40 m.
- Cores: Corpo azul com mancha negra em forma de paleta de pintura; cauda e barbatanas peitorais amarelas (Obs: Espécimes do Oceano Índico têm a barriga amarelada)
- Dimorfismo sexual: Não
- Tamanho adulto: Até 25 cm
- Hábitos alimentares: Onívoros (Algas e zooplâncton)
No aquário:
- Dificuldade de Manutenção: Intermediário
- Comportamento:Pacífico
- Quantidade mínima: 1
- Espaço mínimo: 700 L
- Temperatura: 24 a 26 ºC
- PH: 8.1 a 8.4
- Salinidade: 1.020 a 1.025
- Dureza da água: 8 a 12
- Reef safe: Sim
- Pula do aquário: Sim
- Expectativa de Vida: Média de 8 a 12 anos. Pode chegar a 20 anos.
- Alimentação: Base de Zooplâncton e alimentos verdes (Spirulina e algas Nori desidratadas), complementando com Mysis, artêmias e rações para peixes marinhos. Evite dar pedaços de camarão, pois isso pode deixá-lo muito gordo.
- Nível da água: Aquário inteiro
- Decoração: Rochas vivas e corais duros ramificados, para esconderijos
- Cuidados especiais: : Tanque com circulação intensa, boa iluminação para favorecer o crescimento de algas, manutenção constante,
- Compatibilidade com outros peixes: Boa. Pode conviver pacificamente com outros Tangs e famílias de peixes.
O Hepatus é um dos maiores ícones do aquarismo marinho e conhecido por muitos nomes, mas para as crianças ele está já eternizado como “Dory”, a peixinha amnésica do desenho “Procurando Nemo”. Não foi à toa que a Pixar escolheu o Hepatus como a espécie template de Dory: Poucos peixes exibem uma combinação de cores básicas (no caso, azul e amarelo) tão intensas e uma mancha negra estilizada que mais parece obra de design gráfico do que de seleção natural. Por isso, muita gente quer ter um Hepatus. Mas nem sempre é uma boa ideia.
Como todo Tang, o Hepatus é um peixe hiperativo que precisa de muito espaço. E logo aquele filhotinho que parecia numa boa num aquário médio de 200 litros será um grandalhão com claustrofobia, podendo inclusive desenvolver a temível doença da linha lateral. Por falar em enfermidades, o Hepatus é um verdadeiro ímã de íctio – o autor Steven Pro o define até como o “rei supremo do íctio” e, que após lidar com centenas de espécimes, dá pra contar nos dedos os exemplares totalmente livres da doença. Se não for tratada a tempo, e isso pode ser um perigo nas mãos de um aquarista iniciante, em poucos dias o Hepatus vai pro beleléu e ainda leva o aquário inteiro junto.
Outra coisa que o desenho da Dory não mostra é que o Hepatus tem um ferrão venenoso na base da cauda. Ok, todos os Tangs possuem este ferrão. Mas convém o alerta mais enfático aqui, já que o Hepatus costuma se esconder entre as rochas mais do que as outras espécies e o aquarista mexelão e distraído pode acabar se cortando. Se isso acontecer, vai doer como a picada de uma abelha (ou seja, muito! Rs) e o efeito do veneno poderá ser neutralizado com água quente.
Chega de falar só coisa ruim. Afinal, o Hepatus também tem as suas qualidades. Para começar, ele provavelmente é o mais pacífico de todos os Tangs, sendo um dos poucos que podem ser mantidos em grupos da mesma espécie, desde que o aquário tenha as dimensões adequadas. Ele também é muito tolerante com outras espécies de Tangs, podendo coexistir no mesmo aquário sem maiores problemas (Convém combinar também com o outro Tang, é claro!). Em relação a outras famílias de peixes e invertebrados, o Hepatus é um verdadeiro gentleman. Mas se ele se sentir intimidado, pode se fingir de morto deitando de lado no fundo do aquário, quase matando o dono do coração.
A alimentação não é um problema, já que esse esganado se adapta bem a praticamente qualquer tipo de comida. Mas assegure-se que a base seja composta de vegetais (Spirulina, Nori, etc) e zooplâncton, como na natureza. Entre as refeições, o peixe se vira bicando as algas que crescem nas rochas vivas.
Ou seja, mesmo um iniciante com os devidos cuidados pode ter o seu tão sonhado aquário temático de “Procurando Nemo” com dois palhaços e um Hepatus, desde que tenha condição de bancar um tanque grande, disposição e uma memória melhor que a da Dory para tomar os cuidados necessários. Ainda mais agora, que a empresa Rising Tide Conservation e a Universidade da Flórida conseguiram desenvolver os primeiros Hepatus aquaculturados do mundo e é só questão de tempo para que peixes mais resistentes e adaptados logo estejam disponíveis no mercado. Enquanto isso, continue a nadar!
Por Bruno Fortini
Fotos: Adriano Eduardo de Lima
Referências:
ALDERTON, David. Encyclopedia of Aquarium & Pondfish. Dorlink Kinderseley: Londres, 2008.
FENNER, Robert M. The Conscientious Marine Aquarist. Neptune: TFH Publications, 2008.
GAY, Jeremy. Choosing the Right Fish for your Aquarium. Hamlyn: Londres, 2006.
MICHAEL, Scott W. A Pocket Expert Guide to Reef Aquarium Fishes. USA: 2009.
SANDFORD, Gina. Aquarium Owner´s Manual. Londres: Dorling Kindersley, 2005.
Sites:
www.qualitymarine.com
www.reefkeeping.com
www.risingtideconservation.org
Que denominação curiosa: cirurgião patela. Você saberia o motivo dessa espécie receber essa alcunha?
Na verdade, acho que é um erro de tradução tupiniquim. A mancha preta no corpo do peixe lembra muito uma paleta de pintura, com direito até a abertura para o dedo. Daí em inglês, ele é chamado de “palette tang”. Acho que “palette” acabou se convertendo em “patela”, ao invés de “paleta”. Essa é uma interpretação minha e posso estar enganado, mas acho que faz sentido. Não consigo perceber o vínculo conceitual do termo “patela” (um osso do joelho) com esta espécie de Tang.
Isso mesmo! É pallete, paleta de pintura. Em tempo, é um peixe resistente que vive mais de dez anos em aquários nem tão grandes ou cuidados, faz-se necessário um skimmer, e sistema Jaubert. Deve-se deixar crescer algas nas laterais do aquário, que suprirão deficiências de dieta.
Obrigado pela contribuição, Jorge! A maior parte dos aquaristas não vê algas nos cantos com bons olhos, mas o peixe certamente tem uma opinião diferente! Rs
Parabéns pelo texto. Simples e didático!
Tenho um tanque de 700 litros nos seus primeiros meses, que contava com 5 peixes mais resistentes. Compramos nossa primeira “Dory”, bem pequena, e estamos tendo dificuldades de adaptação. As cores continuam vibrantes e ela até se alimentou assim que chegou.
Nos últimos dois dias ele fica pelos cantos do aquário, mais reservado e normalmente no topo entre as bombas de circulação. Estamos de olho nela a todo momento, torcendo para que dê certo.
Aparentemente, todos os parâmetros estão ok.