Melanurus (Halichoeres melanurus)
Melanurus: O imparável torpedo verde
- Nome científico: Halichoeres melanurus
- Outros nomes: Hoeven´s wrasse, Neon Wrasse, Tailspot Wrasse
- Família: Labridae
- Distribuição: Pacífico Ocidental (Barreira de Recifes na Austrália até o sul do Japão; ilhas de Samoa e Tonga)
- Habitat: Bordas rochosas e coralíneas entre 1 e 40 m
- Cores: Verde-azulado com faixas rosadas. Fêmea é mais clara e tem 1 pinta na barbatana dorsal e outra na caudal.
- Dimorfismo sexual: Machos ligeiramente maiores que as fêmeas
- Tamanho adulto: 12 cm
- Hábitos alimentares: Carnívoro (pequenos crustáceos, lesmas e vermes poliquetas)
No aquário:
- Dificuldade de Manutenção: Fácil
- Comportamento: Pacífico
- Quantidade mínima: 1
- Espaço mínimo: 200 L
- Temperatura: 24 a 26 ºC
- PH: 8.1 a 8.4
- Salinidade: 1.023 a 1.027
- Dureza da água: 8 a 12
- Reef safe: Sim, com reservas (podem comer turban snails e paguros)
- Pula do aquário: Sim (Coloque uma tampa!)
- Expectativa de Vida: 4 a 6 anos
- Alimentação: Mysis, artêmias, zooplâncton, rações diversas
- Nível da água: Todos
- Decoração: Rochas vivas e areia
- Cuidados especiais: Camada de areia com pelo menos 8 cm; aquário com tampa
- Compatibilidade com outros peixes: Muito boa. Pode ter alguns atritos com outros Wrasses.
Verde não é uma cor que se vê todo dia nos peixes marinhos – nem nos de água doce, para falar a verdade. Mas repare só em algumas das famílias mais famosas (tangs, borboletas, donzelas) e verá padrões cromáticos muito repetitivos de amarelo, preto, azul e branco. É por isso que um verdinho como o Melanurus é um sopro de vida em qualquer tanque marinho. Aliás, sopro não, um furacão! Porque como todo bom wrasse, ele não para quieto um segundo.
O Melanurus é apenas uma das mais de 500 espécies da família Labridae (do grego: Labros – Gulosos), coletivamente chamados de wrasses. Em geral são compridinhos, hiperativos e com coloridos fabulosos, de dar inveja ao carnavalesco Clovis Bornay. É sabido que podem mudar de sexo ao longo da vida e que possuem crânios bem distintos um do outro, adaptados a hábitos alimentares muito específicos. Fora isso, é meio difícil determinar um padrão numa família tão extensa que reúne desde o pequenino Cleaner Wrasse (Labroides dimidiatus) até o gigantesco Peixe Napoleão (Cheilinus undulatus).
O Melanurus é um wrasse relativamente pequeno (não passa de 12 cm) e muito boa praça, nunca perturbando ninguém. Desde que, é claro, os outros peixes não se incomodem com o zum-zum-zum incessante ao seu redor. Pois o Melanurus vai de um lado pro outro, se enfia no meio das rochas, revira umas conchas, cavuca a areia e até salpica os grãos sobre os corais. Com o apagar das luzes à noite, ele finalmente sossega, se enterra na areia (por isso é importante que ela tenha uma altura mínima de 8 cm) e dorme dentro de um casulo de gosma. Nunca se esqueça de tapar o aquário, porque ele pode se assustar e saltar como um tiro de canhão ao menor ruído nas horas frias da madrugada.
A alimentação é fácil: o Melanurus é um comilão que encara praticamente qualquer ração industrial, mysis, artêmias, ovas, moluscos e crustáceos. Entre uma refeição e outra, ele vai atrás de petiscos como microfauna (copepodes, fireworms, etc) na areia e planárias na coluna d’água, exterminando qualquer infestação em poucos dias. Infelizmente ele também pode entender que sua equipe de limpeza (como pequenas lesmas, paguros e camarõezinhos) fazem parte do bufê. Camarões maiores como o limpador e o bailarino normalmente não correm perigo.
Apesar de sua beleza, serventia, baixo preço e alta disponibilidade nas lojas, o Melanurus ironicamente nunca conquistou muito prestígio junto aos aquaristas – sendo considerado uma espécie de “wrasse dos pobres” e meio lambão para aquários frufrus de corais SPS. Ok, só não venham depois reclamar das planárias!
Por Bruno Fortini
Fotos: Adriano Lima
Referências:
FENNER, Robert M. The Conscientious Marine Aquarist. Neptune: TFH Publications, 2008.
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